A origem do nome de Montalvão é controversa, tantas e tão diversas são as interpretações dadas por distintos autores. A mais comum e simplista baseia-se na formulação das três perguntas seguintes:
1ª Será Montalvão formada de Monte e Alvão, sendo alvão o nome de ave semelhante a andorinha?
2ª Será, por outro lado, Montalvão formado pela junção dos elementos Monte+alvo+ão, significando monte muito branco?
3ª Ou, por último, será o atual topónimo Montalvão originário da designação da localidade francesa Montauban?
Nesta última interpretação, inclui-se o consagrado toponimista Dr. Joaquim da Silveira, que consultado sobre a origem deste topónimo, se mostrou convicto da sua origem externa, tal como outros, dando como exemplos os casos de Montalvan (Córdova) ou Montalban (Teruel) em Espanha; Mont’auban, Montauban ou Monte Albano (séc. XIII) em França; ou ainda Montalbano em Itália.
A propósito da designação italiana, é curioso notar que a designação que é utilizada na carta “La Spagna”, apresentada noutro separador deste “sitio”, utiliza a designação “M. Alban” associada à figuração de uma fortificação, demonstrando, do mesmo passo, a importância que esta pequena localidade tinha, ao ponto de figurar numa carta (pena não estar identificada a respetiva data), atualmente existente no Palazzo Vecchio em Florença-Itália “Sala della Guardaroba Medicea – Tavola geografica- Stefano Buonsignori”.
Mas além daqueles exemplos, temos o caso de Puebla de Montalbán, nobre e antiga vila na província de Toledo (Castilla-La Mancha)-Espanha. Para além da acima referida Montalban, vila e município da província de Teruel (Aragão), igualmente em Espanha.
Já relativamente à eventual derivação da francesa Montauban, a circunstância de o Alentejo ter sido colonizado por franceses, após a expulsão dos mouros deste território, segundo a nota inserta em http://www.cm-nisa.pt/nisa_historia.htm, as últimas investigações realizadas pelo Prof. Carlos Cebola (Carlos Dinis Tomás Cebola – Nisa, A Outra História, edições Colibri / Câmara Municipal de Nisa, 2005), permitiram-lhe concluir o seguinte:
“Em 1199 D. Sancho I doa a Herdade da Açáfa à Ordem do Templo. Este território era delimitado, de modo muito sumário, a norte pelo Rio Tejo e a sul detinha parte do território dos actuais concelhos de Nisa, Castelo de Vide e parte do território espanhol junto á actual fronteira. Estas doações tinham como objectivo fixar moradores em zonas ermas e despovoadas e consequentemente defender o território.
Os Templários edificaram uma fortaleza que os defendesse dos infiéis e sinalizava a posse desses territórios. Ao mesmo tempo o monarca anuncia a vinda de colonos franceses, que chegaram de forma faseada, sendo o último grupo destinado ao povoamento do território da Açafa.
Instalaram-se junto das fortalezas construídas pelos monges guerreiros e aí ergueram habitações, fundaram aglomerados populacionais a que deram o nome das suas terras de origem. É neste sentido que surge possivelmente o de Nisa, ou seja sendo os primeiros habitantes oriundos de Nice, ergueram aqui a sua “ Nova Nice” ou melhor dizendo, a Nisa a Nova, que encontramos nos documentos, e quando surge o termo Nisa a Velha, este refere-se á sua antiga terra de origem, a Nice francesa.
Assim terão nascido Arêz (de Arles), Montalvão (de Montauban), Tolosa (de Toulouse), cidades do Sul de França“…
Em Portugal existem outras localidades e até bairros com idêntica toponímia, como o de Montalvão em Setúbal ou da Cruz de Montalvão em Castelo Branco, quiçá outros.
Talvez por esta disseminação de nomes semelhantes por terras portuguesas, aquele toponimista também admite a formação do nome com origem genuinamente portuguesa, baseando-se nos nomes congéneres, que se encontram espalhados por diversas regiões do país, como já referido acima, embora a sua inclinação aponte mais no sentido da origem francesa, até por associação entre a nossa Tolosa – tal como Montalvão pertencentes ao concelho de Nisa -, e Toulouse, em França. É, no entanto, uma tese discutível, tal como as outras, aliás.
Alguma origem toponímica terá, disso não restam dúvidas, qual delas, é o que continua por apurar, até que algum estudioso mais preocupado e interessado nestas pesquisas descortine a verdadeira e única origem. Entretanto, para um esclarecimento mais aprofundado que aqui não cabe fazer, recomendamos a leitura das publicações que referenciamos infra, em Bibliografia, além de outras, naturalmente, que versem estas matérias.
O que importa aqui salientar é que Montalvão é uma simpática localidade carregada de história, como noutros separadores procuramos dar a conhecer, a qual convidamos a visitar.