Origem de Salavessa
Tal como em relação a Montalvão, as origens da Salavessa não estão claras e indubitavelmente identificadas. No entanto, podemos presumir que tanto uma como outra encontram as suas raízes mais remotas na época pré-histórica, tendo em conta os múltiplos vestígios de arte rupestre que foram identificados e ainda existem em considerável número nos territórios limítrofes.
Efetivamente, no início da década de setenta do século passado, uma equipa de arqueólogos portugueses descobriu naqueles territórios e mapeou o que ficou classificado como um dos mais importantes complexos europeus de arte rupestre.
Muito próximo da Salavessa encontra-se também a estação de Vilas Ruivas, caraterizada por ser o local onde se descobriram os “mais antigos vestígios de habitações pré-históricas”.
Muito mais há a referir sobre a arte rupestre relacionada com a Salavessa, mas não cabendo aqui grande desenvolvimento, sugere-se a consulta às publicações abaixo referenciadas, para mais cabal e documentada informação.
Entre o final, porém, dessa época pré-histórica, classificada como Idade dos Metais (cerca de 4.000 a.c.) e a Antiguidade (ou Idade Antiga) ou, mais recente ainda, a Idade Média, muitas transformações económicas e sociais se verificaram na vivência dos povos primitivos. O nomadismo das épocas mais longínquas, deixou de ser imperioso por razões de sobrevivência, dando lugar a uma vida mais sedentária e, por consequência, à fixação dos grupos em determinado local, obrigando necessariamente à construção de habitações, rudimentares é certo, mas seguras e protetoras contra a inclemência do tempo e outros perigos. Novas atividades surgiram, por força das necessidades decorrentes de uma forma de vida mais evoluída e crescentemente mais exigente, como a fabricação de utensílios em barro, de cestos, a tecelagem e de ferramentas para o amanho da terra, etc.
Foi graças a esse desenvolvimento que os pequenos núcleos deram progressivamente lugar a pequenas aldeias de agricultores e se transformaram em complexos urbanos, organizados administrativa e socialmente, primeiro sob a liderança de um chefe de grupo ou tribo e depois por elites mais poderosas, elas próprias melhor organizadas e disciplinadas, como foi o caso das Ordens Militares, por exemplo, que se instalaram na Região, v.g. a Ordem do Templo ou Templária e sucedaneamente a Ordem de Cristo, e por aí fora, até aos nossos dias.
Foi assim, muito provavelmente, que surgiu o primitivo Monte da Salavessa. Não se sabe!
Um contributo para esse esclarecimento resulta da carta que o Vigário Frei António Nunes de Mendonça dirigiu a D. José I – reinando este há oito anos por morte de seu pai D. João V, em 1750. Nela aquele religioso dava conta das respostas ao interrogatório régio sobre Montalvão e os lugares a ela apensos, onde naturalmente se incluía, não a atual Salavessa, mas um dos vários montes existentes à época, o Monte de Salavessa.
Neste povoado foram inventariados trinta fogos e setenta e duas pessoas (adultas, por suposto) e quinze menores. De todos os outros lugares ou Montes identificados, tratava-se do mais densamente povoado e o que veio a sobreviver a todos os restantes, progredindo e desenvolvendo-se até ao que hoje é e conhecemos da Salavessa, que integra administrativamente a Freguesia de Montalvão.


