Origem
É sabido que a origem da primitiva localidade que veio a designar-se como Montalvão (v. “Topónimo”, neste “sítio”) é muito remota, havendo vestígios de terem andado pelas suas imediações e nela terem vivido povos pré – históricos. Desde muito cedo também, atendendo à importância atribuída outrora a este território, sob o ponto de vista estratégico e militar, como praça de vigilância e controlo fronteiriço, tendo em conta a época da Reconquista Cristã, foi palco de duras e persistentes contendas para expansão territorial, não só nesta época, o que não seria de estranhar, mas também, pelo menos, seis séculos mais tarde, como se verá em “A Campanha de 1704” e “A Guerra das Laranjas”, igualmente neste “sítio”.
Montalvão, a par de outras terras que integravam uma vasta área – que ia desde o que hoje conhecemos como norte alentejano, até uma maior parcela do interior da atual Beira-Baixa e mesmo até mais a norte -, passaram a pertencer à Ordem Templária, como paga e reconhecimento pela participação destes monges-guerreiros naquelas pelejas, mas também para consolidar e organizar os novos territórios ocupados, já que a população autóctone era muito diminuta e impreparada.
Esta política de doações às Ordens Militares (provindas do estrangeiro, por vezes a caminho das cruzadas para defesa da Terra Santa, e que por aqui permaneceram), estava naturalmente associada à ajuda que as mesmas prestaram na luta pela expulsão dos muçulmanos do território ibérico, como já mencionado. No território portucalense tal política terá sido iniciada ainda em pleno Condado Portucalense, por D. Teresa de Leão (ou Tareja), mãe de D. Afonso Henriques, mediante as doações concedidas à Ordem dos Templários, política essa prosseguida por seu filho e depois por seu neto, D. Sancho I.
Decorrentemente, Montalvão tornou-se Comenda da Ordem dos Templários, o que significa que passou a ser “gerida” por um Comendador (sem o significado que esta designação atualmente tem, bem entendido), ao qual estava cometida a autoridade civil, judicial e económica, de entre outras, e após a extinção daquela Ordem, passou a ser Comenda da Ordem de Cristo, fundada por D. Dinis.
Tal como aconteceu com muitas outras localidades, Montalvão foi dotada de um primeiro foral, o “foral velho” (de que não se conhecem originais, nem cópias), assim designado como forma de o distinguir do atribuído muitos anos mais tarde por D. Manuel I, o “foral manuelino” ou “foral novo”, o qual, aliás, faz menção à Ordem Militar que outorgou o primitivo foral, embora sem mencionar, infelizmente, a respetiva data e o responsável pessoal pela outorga.
À semelhança do sucedido com as fortificações (v. “Livro das Fortalezas”), D. Manuel I mandou que se fizesse um levantamento sobre as cartas de foral eventualmente existentes, partindo daí para determinar a respetiva reforma e a consequente atribuição de novos forais, como sucedeu com Montalvão em 1512. Neste Foral, tal como nos outros, aliás, ficaram regulamentadas as condições de utilização, de tributação dos territórios abrangidos e de passagem pelos mesmos (portagem), de que Montalvão, aliás, era direta beneficiária, por força da necessidade de atravessamento do rio por meio das barcas devidamente licenciadas para nele operarem comercialmente (daí o topónimo de ruas das barcas – de acesso ao rio -, tal como existe ainda).
Montalvão foi sede de Município, o qual funcionou até 28 de dezembro de 1836 – data da última reunião da “Veriação” (e não 1834, como erroneamente se vê pontualmente referido) -, conforme maior desenvolvimento dado neste “sítio” , em “Antigo Município”.
Não sendo aqui comportável maior aprofundamento, nem o mesmo, aliás, se justificar, face à existência de publicações bem documentadas sobre Montalvão e que, com o maior gosto, divulgamos no separador correspondente, “Publicações”, impõe-se que recomendemos a respetiva leitura aos mais atraídos por estas aliciantes temáticas, pelo seu interesse intrínseco e para maior e melhor conhecimento sobre Montalvão e a Salavessa – que formam a nossa Freguesia.
Para terminar este breve apontamento, respigamos do livro “Montalvão, Ecos duma História Milenar – Introdução”, os seguintes trechos que sintetizam lapidarmente, o espírito que preside à criação deste “sitio”:
“Montalvão é uma terra rica, do ponto de vista histórico, pois desde as gravuras rupestres dos finais do Paleolítico, que se encontram no Tejo, até aos nossos dias, passando pelos monumentos megalíticos, pelos vestígios da antiga comenda da Ordem de Cristo e pelo seu castelo, possui um enorme e importante património arqueológico e histórico que merece ser conhecido e conservado”…
…” conhecer a história da sua terra é uma forma de aqueles que nela vivem e aqueles que, por razões várias a abandonaram, reencontrarem o orgulho de nela ter nascido e, motivados por esse orgulho, descobrirem novas formas de, pelo menos, retardar a sua morte.
Conhecendo o significado dos monumentos, os montalvanenses deixarão de os olhar como meros pedregulhos e poderão ainda preservar os que restam de pé. Preservados, estes, poderão, então, com iniciativas várias e recorrendo a diferentes entidades, dá-los a conhecer a forasteiros, mas também aos muitos filhos da terra, que estando longe talvez sintam, por isso, necessidade de mais frequentes visitas à terra onde nasceram”… ou, acrescentamos nós, onde têm as suas origens ou, ainda, adotaram como sua.