Completando a informação acerca da heráldica da Freguesia, nomeadamente sobre o Brasão, importa esclarecer qual o significado que se pretendeu atribuir a cada um dos elementos que o compõem.
Em termos gerais, os principais elementos que formam um brasão heráldico são: a coroa mural, o listel e o escudo.
Sobre a “coroa mural” já esclarecemos a razão de a mesma, no caso específico de Montalvão, possuir quatro torreões em vez de três e de ter a cor prateada, como explicado em “Heráldica-Processo de Criação”, assim como o seu significado mais geral.
O listel, representado por uma fita estilizada na cor prata, é um elemento comumente associado aos brasões heráldicos, não tendo significado especial, exceto quanto à inscrição nele contida, identificando o local ou organismo a que pertence, com maior ou menor detalhe. No nosso caso, continua a ostentar apenas a designação de Montalvão, uma vez que já muito recentemente se propôs, com a devida fundamentação, à Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses a substituição por “Notável Vila de Montalvão”, o que não foi aprovado.
O escudo é o elemento central de qualquer brasão, seja de que natureza for, permitindo o seu conteúdo caraterizar simbolicamente aquilo a que respeita, seja ele de tipo familiar, clubístico, autárquico ou o que seja.
No caso de Montalvão os elementos que compõem o seu Brasão podem agrupar-se em três ordens de categorias principais: histórico-culturais; orográficas; socio – económicas.
O primeiro grupo está tipificado pela figuração do castelo, cabendo a escolha da cor vermelha para a chamada iluminação das janelas e porta àquela Comissão, como é comum na heráldica que apresente este tipo de elemento.
A localização daquela figura sobre uma outra representando um monte, alude justamente à orografia de Montalvão, situada sobre uma não muito acentuada elevação, donde, segundo alguns autores, poderia ter derivado o seu topónimo (v. separador respetivo neste “sítio”).
Sob a figura do monte, através de duas listas onduladas (burelas), preenchidas a prata e a azul, estão representados os dois rios, respetivamente o Tejo e o seu afluente Sever (especialmente este), com os quais Montalvão desenvolveu fortes ligações lúdicas (dos autóctones, e conviviais, inclusive, com a população da vizinha Cedillo), económicas (a pesca, a moagem e o próprio contrabando nos dois sentidos, tão importante, apesar de proibido, após o período de grandes carências resultantes da Guerra Civil de Espanha e da 2ª Guerra Mundial) e sociais (pela dinâmica social que tudo aquilo gerou).
Nos flancos do escudo surgem dois elementos vegetais, figurando igualmente dois importantes pólos da economia local e da flora predominante: do lado direito temos um ramo de sobreiro, com seu fruto – a bolota ou lande, como se preferir – e do lado esquerdo, um ramo de oliveira, também com o fruto que lhe é próprio. Associados aos mesmos deduzimos as atividades económicas derivadas, sejam de interesse meramente doméstico ou comerciais: a pecuária e produtos derivados; a azeitona, o azeite, que aliás ainda hoje é produzido no lagar local (v. “Economia Local-Produção de Azeite”, neste “sítio”), e a cortiça. Estes dois ramos encontram-se entrelaçados precisamente para significarem o forte contributo económico que aquilo que representam teve e, em menor escala, tem ainda para Montalvão.
Por sua vez, o fundo azul celeste, significa a pureza dos ares e a qualidade ambiental que carateriza Montalvão, por todo o meio que a cerca e que convida ao seu disfrute. Foi justamente este azul que a Comissão de Heráldica aproveitou para definir as cores da nossa bandeira.
Segundo o Parecer emitido pela Comissão de Heráldica da Associação os Arqueólogos Portugueses, em 15 de abril de 1997, nos termos da Lei n.º 51/91, de 7 de agosto (v. cópia em “Processo”), a descrição oficial da “Ordenação heráldica do brasão, bandeira e selo da Freguesia de Montalvão, Município de Nisa” é a seguinte (sic):
“Brasão: escudo de azul, castelo de prata aberto e iluminado de vermelho, entre um ramo de oliveira de ouro, frutado de negro, à dextra e um ramo de sobreiro de ouro, frutado de verde, à sinistra, sobre um monte de rochedos de prata, realçado de negro, movente dos flancos e da ponta, carregado de uma burela ondeada de azul; em chefe, burela prateada ondeada de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: “Montalvão”.
“Bandeira: esquartelada de branco e azul. Cordão e borlas de prata e azul. Haste e lança de ouro.”.
“Selo: nos termos da Lei, com a legenda: “Junta de Freguesia de Montalvão – Nisa”.